Kleber exalta carisma de Wagner Moura em 'O Agente Secreto': 'Um erro me distanciar'
Wagner Moura e Kleber Mendonça Filho falaram sobre 'O Agente Secreto' em entrevista à colunista Enoe Lopes Pontes, do Aratu On
Por Da redação.
Fonte: Enoe Lopes Pontes, colunista do Aratu On
Mais que regional, um cinema nacional e mundial, O Agente Secreto é sucesso de crítica e público. Foi vencedor em Cannes, indicado ao Critics Choice Awards, ao Globo de Ouro, e selecionado para diversos festivais internacionais, a exemplo de Lima, Hamburgo e Zurique.
Assim, cotado para as maiores premiações do cinema mundial e sucesso de público, o filme mostra novamente a importância do investimento no cinema brasileiro. Com um orçamento de 27 milhões, de acordo com o site Uol e arrecadando quase 19 milhões (até o momento), segundo a ComScore, o longa-metragem é o escolhido para representar o Brasil no Oscar 2026.
Para falar mais sobre a construção da produção, a crítica de séries e filmes Enoe Lopes Pontes, colunista do Aratu On, conversou com o diretor e roteirista Kleber Mendonça Filho (KMF) e o ator Wagner Moura. Na entrevista, ambos comentaram seus processos de criação. Confira nas próximas linhas.

'Todas as cenas são importantes', diz Kleber Mendonça Filho sobre filme
A importância de se dedicar e aproveitar cada cena gravada é um dos requisitos máximos para Kleber. De acordo com o cineasta, realizar a filmagem sem empolgação com todo o processo, transforma o trabalho em um ato burocrático. “Eu acho que todas as cenas são importantes. A cena com Wagner abrindo a porta e saindo do carro, pra mim, tem que ser uma cena que eu quero filmar. Não é uma cena chata”, revela.
Além disso, Kleber afirma que O Agente Secreto pedia um olhar mais quente e aproximado. Para ele, a parceria com Evgenia Alexandrova – diretora de fotografia – funcionou neste sentido de colocar o espectador mais perto da narrativa. A presença de Wagner eleva, para ele, esse senso de familiaridade que a plateia pode ter ao assistir a obra, devido ao que KMF considera o carisma do ator:
"Eu amo todo o elenco, mas acho que Wagner como ator principal tem um carisma tão forte que seria um erro muito grande me distanciar dele por sei lá o quê, por uma questão estética, teórica..."
Dentro da lógica de trabalho de construção de personagem, Moura também traz algumas reflexões sobre seu papel. O artista acredita que Marcelo/Armando é o oposto completo dele, principalmente quando o assunto são as injustiças sociais. Wagner pensa que é mais combativo, de maneira direta e explosiva.
Ao mesmo tempo, o intérprete vê Marcelo/Armado como um homem observador, que não pode chamar muita atenção. Devido ao fato de existir essa introspecção do rapaz dentro do longa, Wagner sentiu como se estivesse vivendo uma experiência nova. Para ele, trazer muito de si para uma persona dramática é habitual. Despir-se deste costume foi, então, uma sensação nova.
"Eu trago muito 'eu mesmo' para os personagens que eu faço. Por excemplo, eu reajo de forma muito explosiva à injustiça, mas entendi - rapidamente - que isso não poderia acontecer nesse filme. O personagem precisava ter um olhar mais atento, antes da briga, mas não partir pra briga. Se manter quase que estoico até o final", avaliou o baiano.
Assista à entrevista completa:
'Brasil é mais que eixo Rio-São Paulo', afirma roteirista de 'O Agente Secreto'
Todo esse trabalho da equipe de O Agente Secreto é observado pela roteirista e crítica de cinema Carissa Vieira como frutífero para o cinema nacional. “Eu acho que é importante a gente ver filmes de fora do eixo Rio-São Paulo que são sucesso de bilheteria, são sucesso de crítica e que mostram que o Brasil é mais, inclusive, do que o eixo Rio-São Paulo”, detalha.
Carissa defende que há um espaço grande ocupado pelo audiovisual pernambucano no cenário mundial. Ainda assim, a especialista nota uma ausência de letramento social por parte dos meios de comunicação sudestinos que, para ela, não percebem a pluralidade e capacidade de agradar o público que O Agente Secreto tem.
A crítica salienta a necessidade de olhar para o país inteiro e entender como produtos vindos de outros locais fora do eixo Rio-São Paulo precisam perder a alcunha de regional, pois, para ela, “ ele é um filme que se comunica com várias pessoas e que mostra outras realidades, além da que o nosso cinema faz tanta questão de vender o tempo todo.”

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