'Temos barragem, mas não água tratada', diz filho de Mãe Bernadete
Filho de Mãe Bernadete, liderança quilombola assassinada em 2023, discursou na ALBA nesta quinta-feira (4)
Por Juana Castro.
Filho de Mãe Bernadete, o professor e pesquisador Jurandir Wellington Pacífico, representante do Quilombo Pitanga dos Palmares, criticou a falta de acesso à água tratada na comunidade situada em Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador (RMS). Isso porque a área contempla a barragem Joanes 2, que abastece três municípios, incluindo parte da capital baiana, mas não a própria comunidade.
"É um direito nosso ter isso. E mais absurdo ainda é ter uma barragem que abastece três municípios e nós não termos água tratada", afirmou Jurandir na Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA), durante a cerimônia de entrega da Comenda 2 de Julho à cientista Anna Luísa Beserra. Ele ressaltou que a barragem, que serve Simões Filho, Lauro de Freitas e parte de Salvador, existe há 56 anos e, mesmo assim, a comunidade quilombola onde ela se localiza permanece sem o benefício básico.
'É questão de dignidade', diz Wellington
O professor e pesquisador destacou o impacto do Aqualuz, - tecnologia de tratamento de água criada por Anna Luisa - na saúde e na dignidade das pessoas. "Antes de você chegar, 58% das comunidades quilombolas de Caipora e Pitanga de Palmares tinha problema de coceira na pele. Hoje são 12% e você é responsável disso", disse.
Ele enfatizou que o acesso à água potável não é apenas uma questão científica, mas sim uma política pública. "Trazer água tratada é questão de dignidade", declarou, aproveitando para fazer um apelo aos deputados da ALBA para que ajudem a empresa de Anna Beserra (SDW), a expandir o projeto para os 27 territórios de identidade da Bahia por meio de emendas e apoio político. "As grandiosidades nascem de ideias simples", concluiu.
Confira a fala de Jurandir Pacífico:
Comenda 2 de Julho à cientista Anna Luisa Beserra
A homenageada, Anna Luisa Beserra, também reforçou a necessidade de ações governamentais. Aos 27 anos, a cientista já é reconhecida internacionalmente por seu trabalho e questionou por que o Aqualuz ainda não é tratado como uma política pública. Em seu discurso, ela afirmou: "A independência que ainda nos falta é contra a desigualdade que persiste", e que a luta pela água é uma luta de todos.
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