Aratu On entrevista Natalie Portman: atriz dubla e produz animação francesa premiada

Colunista do Aratu On, Enoe Lopes Pontes entrevistou Natalie Portman e Ugo Bienvenu, de "Arco", animação francesa premiada e indicada ao Globo de Ouro

Por Da redação.

Coprodução do estúdio Neon com a produtora da artista Natalie Portman, a Mountain A, o longa-metragem "Arco" tem repercutido em espaços renomados pela crítica especializada e por seus pares dentro da indústria cinematográfica. Exibido em Cannes, indicado ao Globo de Ouro e ao Critics’ Choice Award, a obra conta com nomes como Will Ferrell, America Ferrera, Mark Ruffalo, Andy Samberg e a própria Natalie, na dublagem em inglês.

Arco é uma animação francesa

Ugo Bienvenu é diretor do filme e também roteirista, ao lado de Félix de Givry. De acordo com Ugo, há uma mescla de gêneros em "Arco", na qual o público se depara com um tom onírico e de fantasia para se conectar com a mensagem que a trama deseja passar. O cineasta revela como, dentro da sua trajetória criativa, ele descobriu que seu projeto era mais do que uma ficção científica e como esse fato elevou o potencial do longa.

Com seus dez anos de carreira dentro do sci-fi, Ugo garante que a escrita do roteiro da sua nova animação foi empolgante para ele, porque era possível jogar com distintos recursos narrativos e saber que todo aquele conteúdo traria felicidade para quem o consumisse. “Eu também podia usar a mágica da fantasia, mas era também um filme de aventura, era um rom-com, e era tão agradável brincar com todos esses gêneros”.

Toda essa personalidade da produção chamou a atenção de Natalie Portman. Para a atriz e produtora, Arco é um tipo de trabalho raro na contemporaneidade. A artista explica que, ao ter contato com os rascunhos do material ainda em desenvolvimento, ela notou que o desenho, além de ser em 2D, era também artesanal e com uma história que a tocou.

Por esta razão, Natalie e sua parceira da Mountain A, Sophie Mas, decidiram que Arco seria a primeira animação que produziriam. Mas, além disso, Portman decidiu que queria participar como atriz. A partir disso, ficou decidido que ela dublaria não apenas a mãe da protagonista, como a robô Mikki 2. A intérprete destaca que a experiência nesses papéis foi emocionante, sobretudo pelo fato de estar ao lado de colegas tão queridos para ela.

Confira a íntegra da entrevista com Ugo Bienvenu e Natalie Portman

Enoe Lopes Pontes – O filme tem essa mistura de atmosfera tangível e, ao mesmo tempo, onírica. Como foi o processo de construção dessa estética?

Ugo Bienvenu – O que eu posso dizer sobre o que eu encontrei é que, primeiro, eu estava pensando em fazer um filme de ficção científica e, num ponto, eu percebi que não era só um filme de ficção científica, era também um filme de fantasia. Então, eu não tinha que explicar tudo, como fazemos em ciência-ficção. Eu também podia usar a mágica da fantasia, mas era também um filme de aventura, era um rom-com, e era tão agradável brincar com todos esses gêneros e poder brincar com… brinquedos mesmo, sabe? E aproveitar isso! Escrever se tornou muito divertido quando eu percebi que não era só um filme de ciência-ficção e que eu também podia dar alegria ao público e também trazer surpresa no filme.

ELPArco é a primeira animação da Mountain A. Então, Natalie, dentro desse universo, o que chamou sua atenção como produtora?

Natalie Portman – Quando Sophie Mas, minha parceira de produção, e eu assistimos ao que a equipe de Arco havia criado até então, que era um desenho de 40 minutos do filme, ficamos tão empolgadas com a arte dele. Porque é realmente um desenho feito à mão, uma animação em 2D, que o Ugo estava fazendo com seu estúdio em Paris. E temos também toda a história do longa, que é muito tocante e, ao mesmo tempo, muito divertida e também tão significativa para colocar no mundo nos tempos de hoje. E isso é tão raro! Descobrir essa história que precisa ser contada atualmente me pareceu extremamente urgente.

ELP – Sim, e o filme traz essa coisa. Ele tem essa parte em que o público pode sentir que é tão real, que nós vivemos coisas assim, coisas políticas em nossa sociedade. Mas também tem essa distopia. Ugo, conte um pouco sobre como foi esse processo, dentro de sua visão de diretor, de como foi a construção dessa decupagem, a construção dessas imagens.

UB – Na verdade, eu faço ficção-científica há uns 10 anos, e o meu jeito de pensar em ficção científica não é em construir novos mundos, é em falar sobre nós, falar sobre quem somos, o que estamos vivendo agora mesmo. E o futuro de Iris, a era de Iris, para mim, é o nosso mundo. Por isso é tão fácil para mim rodar este filme. É porque eu me sinto como se estivéssemos filmando agora mesmo e eu apenas coloco coisas um pouco maiores do que são agora.

ELP – Entendi.

UB – Mas o meu ponto é só mostrar que, se nós formos desse jeito, será que estamos indo bem desse jeito? E eu apenas coloco coisas juntas. Eu ponho, por exemplo, hologramas, mas são apenas nossas sessões de Zoom um pouco maiores. Os robôs estão apenas personificando a IA. E eu espero que meus filmes e meus livros perguntem sobre onde estamos indo e façam as pessoas pensar sobre o que elas querem, o que elas querem para si mesmas e para a humanidade no futuro.

ELP – Sim.

UB – E também, a minha ficção científica, para mim, é o melhor jeito de perguntar e de definir o que é ser humano, de definir o que nos faz humanos. E eu acho que é uma coisa muito importante de se pensar agora mesmo, onde estamos na história.

ELP – Natalie, você poderia falar um pouco sobre como foi a dublagem, a construção da voz?

NP – E, para a dublagem que você perguntou, foi realmente emocionante fazer esses personagens. Obviamente, tínhamos atores incríveis fazendo a versão francesa. Eu tinha visto a versão em francês muitas vezes. Então, eu definitivamente estava inspirada por ela. E tivemos muita sorte, porque conseguimos fazer a dublagem em inglês muito rapidamente. Porque a Neon comprou o filme em Cannes e então decidiu que iríamos trazê-lo para Toronto apenas alguns meses depois. Então, tínhamos que fazer isso muito rapidamente, mas foi extraordinário, porque todo mundo na lista dos sonhos disse sim imediatamente.

ELP – Sim.

NP – Eles viram o filme e eu acho que foi tão empolgante que todos disseram sim. Então, tínhamos esse cast incrível, com Will Ferrell, Mark Ruffalo, Flea, America Ferrera, Andy Samberg. E, claro, o Ugo encontrou também essas duas crianças incríveis, que são o coração do filme. Então foi muito rápido, muito divertido e interessante, também. Como é diferente, realmente parece que há uma diferença cultural nas vozes.

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