Kannário sai em defesa de Oruam após prisão: ‘Fizeram o mesmo comigo’

Kannário relembrou o ano de 2015, quando foi preso duas vezes por ser flagrado por policiais portando cigarros de maconha, que seriam, segundo cantor, para uso próprio

Por Matheus Caldas.

O cantor Igor Kannário criticou a atuação da polícia e da Justiça no caso do rapper Oruam, solto no fim de setembro após 69 dias preso na penitenciária Serrano Neves (conhecida como Bangu 3A), no Complexo de Gericinó, na zona oeste do Rio de Janeiro.

Em entrevista concedida ao podcast Podpah, nesta quarta-feira (15), Kannário disse que ele e Oruam foram perseguidos da mesma maneira pelo Estado. “O que o Oruam passou no Rio de Janeiro eu passei aqui em Salvador, sendo que eu não tenho um pai cabeça cara”, afirmou. 

Kannário relembrou o ano de 2015, quando foi preso duas vezes por ser flagrado por policiais portando cigarros de maconha, que seriam, segundo cantor, para uso próprio. “O que o trap vive hoje, eu já vivi há 15 anos. Fui parada na Mata Escura, no presídio, por tráfico de drogas e eu com um cigarro que não era nem grande”, criticou.

Ele conta, ainda, que foi surpreendido pela recepção dos detentos na penitenciária. “Cheguei lá dentro, mano, quando eu passo pelo portão, os caras começaram a cantar minha música, todas as minhas músicas batendo na parede”, contou. “Nunca assaltei ninguém, nunca matei ninguém, nunca nada”, acrescentou.

Veja relato de Kannário

Oruam foi solto em 29 de setembro após Superior Tribunal de Justiça (STJ) conceder liminar determinando sua soltura. Ele foi recebido por uma multidão de fãs.

O músico estava preso desde julho, investigado por crimes como tráfico de drogas, associação para o tráfico, resistência, desacato, dano, ameaça e lesão corporal.

Na prisão, ele divulgou uma carta direcionada a fãs e familiares. No texto, o artista reconhece erros, mas afirma estar sendo alvo de perseguição e tratado de forma desigual pela Justiça.

“Um leão ferido ainda é um leão. Ninguém prende quem tem a mente livre. Sempre visitei meu pai na prisão, me acostumei a ser a visita... E, hoje, quando minha família vem me ver, o que mais quero é ir embora junto com eles”, escreveu.

Operação policial no Joá que prendeu Oruam

Oruam foi preso após uma operação da Polícia Civil no Joá, Zona Oeste do Rio, que tinha como alvo o adolescente Thallys. Durante a ação, o rapper teria confrontado policiais e foi acusado de tentativa de homicídio qualificado contra o delegado Moyses Santana Gomes e o policial Alexandre Alvez Ferraz.

Oruam tem vínculos com facções?

Relatórios da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) apontam que o músico mantinha contato com lideranças do Comando Vermelho (CV) e intermediava diálogos com rivais do Terceiro Comando Puro (TCP). O documento descreve que Oruam "exerce função de destaque, com acesso privilegiado e respeitabilidade dentro do universo criminoso".

Imagens que circularam antes de sua prisão mostravam o rapper em chamadas de vídeo ao lado de "Doca", chefe do CV, além de diálogos com "Cocão" e "Coelhão", do TCP, e com "Rabicó", líder do Complexo do Salgueiro.

Oruam foi defendido por Kannário | Foto: Instagram/@oruam

Oruam foi indiciado por sete crimes

Oruam foi indiciado por sete crimes: desacato, resistência, ameaça, dano, lesão corporal, tráfico de drogas e associação para o tráfico. Após a decretação de sua prisão preventiva, ele se apresentou voluntariamente a policiais civis em um posto de gasolina na Avenida Brasil. Em audiência de custódia realizada em 23 de julho, a juíza Rachel Assad da Cunha manteve a prisão preventiva, e ele foi encaminhado para o Complexo de Gericinó, em Bangu.

O que diz a defesa de Oruam

Em entrevista ao SBT, antes de se entregar, o artista negou envolvimento com o tráfico. "Não sou bandido, tudo o que eles querem é que eu fique aqui, mas eu não sou bandido, então vou me entregar", afirmou.

O músico alegou ainda que não sabia que a operação policial tinha como alvo um adolescente procurado pela Justiça. "Eu tava saindo de casa, do nada vi um carro saindo muito voado e saiu falando: 'Perdeu, perdeu', totalmente descaracterizado. Eu não entendia o que tava acontecendo", declarou.

Polêmica com Kannário

Kannário esteve em torno polêmica com o cantor Zau O Pássaro. O artista revelou, em entrevista ao podcast Aratu Tá On, que foi bloqueado pelo ex-vocalista da A Bronkka nas redes sociais. O “Príncipe do Gueto” moveu um processo judicial contra Zau no início deste ano, pelo uso indevido do nome “Kannário”.

Segundo o artista, não há contato entre eles, apesar de Kannário ser uma de suas maiores referências no pagode. “Ele me bloqueou no Instagram. Minha equipe também foi bloqueada, cinco pessoas no total”, contou.

Apesar do impasse judicial, motivado pela adoção do apelido “Kannário” no início da carreira, Zau disse que mantém carinho e respeito pelo cantor. “Kannário é referência no pagode. Independente das adversidades, ele continua sendo quem é. É admirável e motivo de orgulho ser comparado com ele”, declarou.

Em busca de consolidar sua própria identidade artística, Zau anunciou o álbum “Um Novo Voo”, que será lançado em 11 de outubro. “Agora eu quero é o Zau O Pássaro, para que as pessoas conheçam quem eu sou”, afirmou.

Igor Kannario no podcast Podpah; cantor defendeu Oruam | Foto: Instagram/@kannario

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