Salvador ganha murais em homenagem a Santa Bárbara e Iansã; veja fotos

Intervenção celebra a homenagem a Santa Bárbara e integra projeto que prevê novos murais inspirados nas festas populares de Salvador

Por Ananda Costa.

Salvador ganhou novos murais em homenagem a Santa Bárbara e a Iansã, herança de fé e sincretismo na Bahia, no Mercado de Santa Bárbara, na Baixa dos Sapateiros. As obras fazem parte do projeto Viva Salvador: arte, fé e tradição, que marca o início de uma série de intervenções urbanas dedicadas às festas populares religiosas da capital baiana.

Homenagem a Santa Bárbara e Iansã. Foto: Matheus Aguiar

Os grafites foram produzidos em dois dias de trabalho por artistas reconhecidos na cena urbana local. Um dos murais é assinado por Bigod e Prisk, do Coletivo MUSAS – Museu de Street Art de Salvador. O outro foi criado pelo grafiteiro Tárcio V, nome de destaque no estado.

Idealizado pela Viva Agência de Ideias, sob direção de Paula Hazin, o projeto busca valorizar memória, fé e identidade cultural por meio da arte urbana. “A ideia é homenagear a cidade com esta linguagem tão linda que é o grafite, começando pela festa de Santa Bárbara. Queremos envolver arte, fé e festa, repensando os espaços públicos e trazendo beleza”, afirmou Hazin.

Foto: Matheus Aguiar

Arte urbana e valorização cultural em homenagem a Santa Bárbara

O Viva Salvador prevê a criação de pelo menos sete murais inspirados em grandes celebrações religiosas da cidade, como São Lázaro, Nossa Senhora da Conceição da Praia, Bom Jesus dos Navegantes, Lavagem do Bonfim, Iemanjá e Carnaval. Os locais serão escolhidos em diálogo com comunidades e órgãos públicos, priorizando áreas de grande circulação ou que enfrentam degradação urbana.

A iniciativa também inclui oficinas gratuitas de grafite para jovens de bairros populares, com aulas teóricas e práticas sobre técnicas de pintura, história da arte urbana e identidade cultural. Os participantes poderão integrar a criação de novos murais.

Além disso, o projeto vai promover mesas-redondas e seminários com artistas, pesquisadores, lideranças comunitárias e representantes religiosos para discutir símbolos e tradições das festas populares de Salvador. Um mini documentário sobre o processo criativo também está previsto.

Origem da Festa de Santa Bárbara

Todos os anos, a Festa de Santa Bárbara abre, em 4 de dezembro, o calendário das festas populares da Bahia, que vai até o Carnaval. Realizada no Centro Histórico de Salvador, a celebração reúne fé, sincretismo, devoção popular e muitas referências às religiões de matriz africana, especialmente à Iansã, orixá dos ventos e tempestades

Mas, apesar de conhecer a celebração, talvez, vez ou outra, você se pergunte: qual é a origem da Festa de Santa Bárbara?

A pesquisadora Carla Bahia, que estuda a celebração, explicou que festa se distingue pelo simbolismo e pela força popular: “A festa de Santa Bárbara, por si só, chama a atenção. Ela é quente. Ela não é só vermelha, é vermelha, branca, rosa. Ela tem brilho, tem borboletas nos torsos. Ela tem perfume de acarajé, de dendê. Ela tem brilho nos olhos, tem pedido de: ‘Por favor, minha mãe, não me abandone’”.

Além da Festa de Santa Bárbara, Salvador é marcada pela Lavagem do Bonfim, maior celebração religiosa da Bahia. Você conhece a história do cortejo?

A devoção a Santa Bárbara em Salvador remonta ao século XVII, quando uma imagem trazida por portugueses foi entronizada no então Morgado de Santa Bárbara, no Comércio. Ao longo dos séculos, a festa passou por diferentes locais, acompanhando mudanças urbanas e históricas, até se consolidar no Pelourinho.

Padroeira dos bombeiros, mineiros e artilheiros, Santa Bárbara também é invocada contra raios e tempestades. Sua história, segundo a tradição cristã, remonta ao século III, quando foi martirizada após se converter ao cristianismo.

O sincretismo religioso marca a celebração. Muitos devotos associam a santa a Iansã, e não é incomum ouvir saudações como “Saravá”, “Oiá” e “Epà Hey” durante a procissão. De acordo com Elisangela Silva, presidente do Afoxé Filhos de Korin Efan, o momento reforça a união entre culturas. “Para nós, o dia 4 é uma data muito importante, porque, enquanto instituição cultural negra com influência do candomblé, celebramos Santa Bárbara e também Iansã”, afirma.

Registrada como Patrimônio Imaterial da Bahia desde 2008, a Festa de Santa Bárbara é considerada um símbolo de fé e resistência. Para o padre Lázaro, a celebração traduz simplicidade e acolhimento. “É sempre uma honra celebrar a festa de Santa Bárbara, sempre uma alegria, porque é uma festa que, pela sua espontaneidade, se estabelece, porque o povo vem, os devotos chegam e a gente não precisa fazer grandes movimentações, pois os devotos estão aí e vêm rezar, porque já tem no sangue essa devoção”, afirma.

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