Por que o metanol mata em bebidas? São Paulo confirma mortes
São Paulo confirma 2 mortes de intoxicação por metanol no estado; 10 casos são investigados
Por Da redação.
Fonte: SBT News
O Centro de Vigilância Sanitária (CVS) do Estado de São Paulo confirmou, neste sábado (27), duas mortes por intoxicação causada por metanol. Os óbitos aconteceram em São Bernardo do Campo e na capital paulista. O metanol, também conhecido como álcool metílico, é um composto químico que pertence à família dos álcoois. É um líquido incolor e inflamável, com cheiro e sabor semelhantes ao do etanol (o álcool presente em bebidas alcoólicas), o que o torna perigosamente indetectável em bebidas.
De acordo com o CVS, outros dez casos estão sob investigação na capital, com suspeita de intoxicação pelo consumo de bebida contaminada. Seis deles resultaram em internação.
O órgão informou ainda que acompanha o trabalho dos municípios de São Paulo na fiscalização de distribuidoras, bares e outros estabelecimentos de comércio de bebidas envolvidos na venda e distribuição dos produtos adulterados.
Metanol: nove pessoas intoxicadas em 25 dias
Nesta sexta-feira (26), a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos (Senad/MJSP) informou que nove pessoas foram intoxicadas por metanol e internadas após consumir bebidas “batizadas” em bares e restaurantes de São Paulo.
A notificação partiu do Sistema de Alerta Rápido (SAR), que relatou as nove ocorrências em apenas 25 dias, número considerado fora do padrão pelas autoridades de saúde. Segundo o órgão, alguns pacientes estão internados em UTI.
O centro destacou que, nos últimos dois anos, os registros de intoxicação por metanol estavam ligados principalmente ao consumo deliberado de combustíveis, muitas vezes em contextos de abuso de substâncias por pessoas em situação de rua. Desta vez, no entanto, o padrão mudou.
De acordo com a notificação, as intoxicações ocorreram em ambientes sociais, como bares, e envolveram diferentes tipos de bebidas adulteradas, incluindo gin, uísque e vodca. Esses casos são considerados inéditos no histórico do Centro de Informação e Assistência Toxicológica (Ciatox).
Por que o metanol mata em bebidas?
O metanol é altamente tóxico para os seres humanos, e sua toxicidade se deve principalmente à forma como ele é metabolizado (processado) pelo organismo, e não pelo metanol em si.
Metabolização Tóxica: Ao ser ingerido, o metanol é processado no fígado pela mesma enzima que metaboliza o etanol, a álcool desidrogenase. No entanto, em vez de ser transformado em substâncias relativamente inofensivas (como o etanol), o metanol é convertido em dois compostos extremamente venenosos:
Formaldeído (HCOH).
Ácido Fórmico (HCOOH).
Acúmulo de Ácido Fórmico: O ácido fórmico é o principal responsável pelos graves danos e mortes. Ele se acumula rapidamente no sangue, causando uma acidose metabólica grave, o que perturba o funcionamento normal das células e órgãos.
Danos Irreversíveis: O ácido fórmico é particularmente tóxico para o nervo óptico e o sistema nervoso central (SNC).
Cegueira: Pequenas doses podem causar danos permanentes à visão, levando à cegueira total.
Morte: Doses maiores causam coma, insuficiência respiratória, falência de múltiplos órgãos e, por fim, a morte.
Apenas 30 a 100 ml de metanol podem ser suficientes para causar cegueira ou morte.
Contaminação em bebidas
O metanol pode aparecer em bebidas alcoólicas, especialmente as clandestinas ou adulteradas, porque é uma substância barata. Fabricantes criminosos ou não regulamentados podem adicioná-lo intencionalmente para "dar volume" ou aumentar o teor alcoólico da bebida, enganando o consumidor.
Sintomas de Intoxicação por metanol
Os sintomas podem ser inicialmente confundidos com os da embriaguez comum por etanol, mas os mais graves costumam aparecer com um atraso de 18 a 24 horas após a ingestão, enquanto o metanol está sendo metabolizado:
Sintomas iniciais: Náuseas, vômitos, dor abdominal, dor de cabeça e vertigem.
Sintomas graves e tardios: Alterações ou perda de visão (visão embaçada, sensibilidade à luz, "neve" visual), dificuldade para respirar (devido à acidose), convulsões, diminuição do nível de consciência, coma e morte.
É uma emergência médica grave! Se houver suspeita de ingestão de metanol, a vítima precisa de atendimento médico imediato. Um dos tratamentos é a administração de etanol (sim, o álcool de bebida, mas em ambiente hospitalar), pois a enzima álcool desidrogenase tem maior afinidade pelo etanol, o que temporariamente retarda a conversão do metanol em ácido fórmico, dando tempo para outros tratamentos como a hemodiálise.
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