Homem que confessou matar mulher trans com ‘mata-leão’ na Bahia é preso
Suspeito confesso da morte de mulher trans com ‘mata-leão’ chegou a ser ouvido e liberado após dizer que agiu em legítima defesa
Sérgio Henrique Lima dos Santos, de 19 anos, confesso da morte de Rhianna Alves, de 18 anos, foi preso e indiciado nesta quarta-feira (10) pelo crime de feminicídio em Luís Eduardo Magalhães, no oeste da Bahia. Ele é acusado de aplicar um golpe "mata-leão" na vítima.
O crime ocorreu no último sábado (6). O suspeito chegou a levar o corpo da vítima até a porta da delegacia, mas acabou liberado após ser ouvido pela polícia, respondendo em liberdade.

A Polícia Civil informou, em nota, que a soltura se deu "em razão de ter se apresentado espontaneamente e confessado o crime". No depoimento, o suspeito alegou ter agido em legítima defesa.
As informações iniciais passadas pela Polícia Civil indicam que Rhianna e Sérgio viajavam de Barreiras com destino a Luís Eduardo Magalhães quando houve um desentendimento.
No entanto, em seu depoimento, Sérgio Henrique apresentou uma versão detalhada do ocorrido. Ele afirma ter buscado Rhianna para ter relações sexuais e, durante o retorno para a casa dela, houve uma discussão. O suspeito alegou que a vítima o ameaçou de expor a relação dos dois e acusá-lo de estupro.
Sérgio Henrique afirmou ter aplicado o "mata-leão" após Rhianna fazer um movimento que indicava que ela pegaria algum objeto na bolsa.
Após aplicar o golpe, Sérgio Henrique dirigiu até a delegacia e pediu socorro aos policiais, que imediatamente acionaram o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Contudo, foi constatado que a jovem já estava morta.

Após o cumprimento da ordem judicial de prisão, Sérgio Henrique foi encaminhado para uma unidade policial, passará por exames no Departamento de Polícia Técnica (DPT) e permanecerá à disposição do Poder Judiciário.
Érika Hilton denuncia delegado e suspeito de matar mulher trans
Em uma publicação no “X” (antigo Twitter), a deputada cobrou esclarecimentos da Polícia Civil, da Secretaria de Segurança Pública e do Governo da Bahia sobre o caso.
“É inconcebível que um delegado não faça a prisão em flagrante de um ASSASSINO que levou um CORPO até uma delegacia porque ele foi ‘bonzinho’, confessou o crime e jurou de dedinho que vai se comportar. Vamos refletir por um mísero instante: se uma pessoa matasse um colega de trabalho, um vizinho, um idoso ou uma criança, levasse o corpo até a delegacia e confessasse, ela seria liberada?”, questionou.
Erika Hilton também questionou se a ação não pode ser considerada um caso de transfobia e se a Polícia Civil da Bahia considera normal matar pessoas trans.
“E o assassino confessou e falou seu motivo: ele a contratou para um programa e tinha medo de que o caso fosse exposto. Para o assassino, isso foi uma ‘legítima defesa’. E, para o delegado, isso foi o suficiente para liberá-lo. É, ou não é, um caso de transfobia institucionalizada? É, ou não é, a Polícia Civil da Bahia dizendo que está tudo bem matar determinadas pessoas? Que o assassino seja preso e a conduta do delegado seja devidamente investigada”, finalizou.
🚨 Ryana, uma jovem de apenas 18 anos, foi sufocada até a morte com um mata-leão por um motorista de aplicativo, que levou seu corpo até a delegacia, confessou o crime e foi LIBERADO pelo delegado.
— ERIKA HILTON (@ErikakHilton) December 8, 2025
Estou denunciando, ao Ministério Público Estadual, o assassino e o delegado.… pic.twitter.com/A7KNPlxgEJ
Violência contra mulheres trans na Bahia
No último mês de novembro, uma mulher trans de 31 anos, identificada como Pamela, denunciou ter sido agredida por um vizinho, um homem de 50 anos, em Salvador. Em entrevista à reportagem da TV Aratu, ela relatou que foi atacada com uma barra de ferro.
Em setembro, uma mulher trans, identificada como Any Sá, foi morta a tiros na localidade conhecida como Escada, no Subúrbio Ferroviário de Salvador. Segundo a Polícia Militar, o corpo apresentava múltiplos disparos.
Em junho do ano passado, uma mulher trans foi espancada na localidade conhecida como "Sussunga", no bairro da Fazenda Grande do Retiro, em Salvador. A vítima teria se envolvido em uma briga com outra mulher trans, durante uma festa tipo paredão.
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