'Cê voltou, bem?': baianos de 100 e 93 anos se reencontram após internação; vídeo
Stela e Braz, de 93 e 100 anos, respectivamente, protagonizaram reencontro fofo em Remanso, na Bahia
Por Juana Castro.
“‘Cê’ voltou, bem?”. Foi assim que Braz, de 100 anos, recepcionou a esposa, Stela, de 93, quando ela voltou para casa após uma semana de internação. Ela, por sua vez, rapidamente abriu os braços em direção ao amado: “Bem, me dê um abraço! Eu vim pra casa”. “Ô, Stela…”, diz o centenário já envolto no afago da esposa.
A cena - capaz de derreter o coração dos mais sérios - foi registrada na quarta-feira (3) e gentilmente enviada ao Aratu On por uma das filhas de Stela, a fisioterapeuta aposentada Rosângela Figueiredo. “Eles sempre foram muito carinhosos um com o outro”, afirmou, em conversa por telefone, antes de contar mais detalhes da história do casal.
Um amor paciente
Braz Antunes Ferreira e Stela Ferreira de Figueiredo são da região de Remanso, no norte da Bahia, e primos. Na juventude, tiveram um interesse mútuo, mas acabaram seguindo caminhos diferentes. Professora primária, Stela se mudou para o Paraná com o antigo marido e teve cinco filhos. Braz, industriário, construiu a vida em São Paulo. Também se casou e teve um casal de filhos.
Anos depois, Stela ficou viúva e voltou para Remanso, onde passou a cuidar dos pais já idosos. Cerca de 20 anos mais tarde, Braz também ficou viúvo.
Vez ou outra, quando o assunto "relacionamento" vinha à tona, em conversas com outros familiares, o industriário dizia que só se casaria novamente se fosse com o antigo amor da juventude. Falaram-se por telefone, Braz foi a Remanso e combinaram o casamento. Mas Stela impôs três condições: que ele voltasse à Bahia, que a ajudasse a cuidar do pai dela, e que entrasse na igreja da qual ela fazia parte, a Congregação Cristã.
Em janeiro de 1995, com 63 e 70 anos, Stela e Braz se casaram.
Sobre amar em voz alta
Segundo Rosângela, os dois “não tinham sido muito felizes nos casamentos anteriores”, mas desde que se juntaram e assumiram esse amor, não pararam mais de demonstrar carinho e fazer declarações, como ocorreu no aniversário de 100 anos de Braz.
Ele passou por um problema de saúde pouco antes da celebração e pensou que não festejaria a data. Ao melhorar e voltar para casa, recebeu a visita dos filhos, o que emocionou Braz. “Ele chorou muito”, contou Rosângela. O amor por Stela também era (e é!) constantemente expressado.
“Na festa de 100 anos ele estava tão feliz! Estava tão eufórico, apaixonado e grato que ficava fazendo declaração de amor para ela. Os meninos ficaram brincando, dizendo que era aniversário e não bodas”, lembrou Rosângela, entre risos.
Queridos por uma comunidade inteira
O casal vive sozinho e conta com apoio de três cuidadoras. Porém, engana-se quem pensa que eles sejam solitários. “Eles têm a comunidade da igreja. Todo mundo visita, conhece”, destacou Rosa, como a filha de Stela é mais conhecida.
Exemplo dessa presença comunitária é que o casal não vai mais à igreja com frequência, mas a igreja vai até a casa deles. “Uma vez por mês, fazem um culto na casa dos idosos que não podem ir. Vêm várias pessoas e eles recebem muitas visitas também”, acrescentou, pontuando, inclusive, que no momento da ligação, o quintal da casa estava sendo palco de uma pequena reunião musical puxada por outro filho de Stela: “Estão lá no fundo tocando”.
Saúde e finitude
Stela ficou internada após passar mal e receber o diagnóstico de infecção urinária. O quadro infeccioso levou a uma debilidade, segundo Rosa: "Às vezes, ela fica um pouco lenta para responder. Em outros momentos, está bem espertinha".
A matriarca da família Figueiredo também possui uma insuficiência cardíaca. Com a internação, preocupou filhos e netos, que saíram de Salvador e de outras cidades onde vivem para uma possível despedida - comentada até pela própria paciente. "Ela disse que tinha chegado a hora, que tinha visto o céu e que lá era bom", comentou a filha.
Braz, por sua vez, ficou muito triste, mas depois falou aos familiares que "Deus tinha colocado paz no coração dele, que ele estava se preparando". E foi por isso, segundo Rosângela, que mesmo visitando a amada todos os dias (e até mais de uma vez por dia) durante a internação, teve uma reação bastante emocionada ao ver Stela em casa. "Foi muito espontâneo. Lindo mesmo!", completou.
Rosa compartilhou o vídeo com parentes, amigos e a receptividade foi unânime. "Teve uma senhorinha amiga nossa que me agradeceu por ter mandado o vídeo, falando que reviveu uma história da avó e chorou", relatou. "As pessoas recebem com uma emoção boa e a precisamos propagar notícias boas. A gente fica muito feliz", concluiu.
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