Empresa russa suspeita de tráfico humano viraliza no TikTok; entenda
Empresa russa suspeita de tráfico humano foi divulgada por influenciadoras como uma oportunidade de intercâmbio para mulheres
Por Ananda Costa.
No último mês, um caso envolvendo uma empresa russa investigada por tráfico humano ganhou grande repercussão no TikTok e em outras redes sociais. O chamado “Programa Start” foi divulgado como uma oportunidade de intercâmbio exclusivo para mulheres entre 18 e 22 anos, com a promessa de benefícios que despertaram desconfiança de parte do público.
As ofertas divulgadas por influenciadoras brasileiras, entre elas MC Thammy, Catherine Bascoy, Aila Loures, Raphaela Nogueira e Isabella Duarte, incluíam hospedagem, alimentação, passeios, cursos de idioma e até salários considerados elevados.
O pacote, apresentado como uma chance de crescimento pessoal e profissional no exterior, passou a ser questionado por usuários justamente por exigir que as participantes fossem apenas mulheres e tão jovens.
Após a repercussão, foi descoberto que o “Programa Start” era, na prática, o Alabuga Start, uma iniciativa vinculada à Zona Econômica Especial de Alabuga, no Tartaristão, Rússia. O local abriga linhas de produção de drones militares utilizados pelo exército russo na guerra contra a Ucrânia.
A suspeita levantou alerta internacional. O programa está atualmente sob investigação da Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol), que apura indícios de tráfico humano e exploração de jovens recrutadas sob a promessa de intercâmbio.
Pronunciamento das influenciadoras sobre empresa russa suspeita de tráfico humano
Com a revelação, as influenciadoras que participaram da campanha publicitária se pronunciaram. Elas afirmaram não ter conhecimento das irregularidades e alegaram confiar na análise jurídica dos contratos antes de divulgar a proposta.
“Devolvi e ativei a equipe jurídica para cuidar do caso e estamos acompanhando tudo de perto”, declarou a funkeira MC Thammy.
Já a influenciadora Aila Loures, integrante do canal da youtuber Camila Loures, também se defendeu. Segundo ela, a publicidade foi analisada por sua equipe jurídica, que não encontrou indícios de ilegalidade no momento da contratação.
“A publicidade em específico chegou ao meu escritório, passou pelo crivo jurídico, as informações foram completamente averiguadas, teve confirmação da existência da empresa na Rússia”, disse.
Outras casos de tráfico humano
Hytalo Santos
Em setembro, o Ministério Público da Paraíba (MP-PB) denunciou o influencer Hytalo Santos e o marido, Israel Vicente, conhecido como Euro, pelos crimes de tráfico de pessoas, produção de material pornográfico e favorecimento da prostituição e exploração sexual de menores.
Em nota, o Grupo de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) afirmou que a denúncia também levou em conta a análise de que o casal buscava alterar a aparência física de menores de idade que participavam dos conteúdos divulgados em redes sociais.
Segundo o comunicado, a investigação revelou um modus operandi estruturado e premeditado, voltado à exploração sexual de crianças e adolescentes, com uso de fraude, promessas de fama e vantagens materiais para atrair vítimas em situação de vulnerabilidade.
O MPPB também solicita o pagamento de R$ 10 milhões em indenização por danos morais coletivos. A denúncia será julgada pela 2ª Vara Mista de Bayeux.
BYD
Em maio, o Ministério Público do Trabalho (MPT) processou a BYD por trabalho escravo e tráfico de pessoas devido às investigações feitas na fábrica de Camaçari, na Bahia. Além da empresa, a ação civil pública tem como alvo as empreiteiras China JinJiang Construction Brazil Ltda. e Tecmonta Equipamentos Inteligentes Brasil Co. Ltda. (antiga Tonghe).
Elas são acusadas submeter 220 trabalhadores chineses a condições análogas à escravidão e de envolvimento em tráfico internacional de pessoas. As empresas prestavam serviços exclusivos para a construção da fábrica da BYD em Camaçari, na Bahia.
Vítimas de tráfico humano no Brasil
Dados do Relatório Nacional sobre Tráfico de Pessoas mostram que 72% das vítimas desse tipo de crime no Brasil é negra. A taxa leva em consideração as pessoas atendidas nos Núcleos de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas e em postos do Ministério da Saúde. O relatório, que abrange o período entre 2017 e 2020
Em sua terceira edição, esta é a primeira vez que o relatório traz o recorte por raça. De acordo com o levantamento, entre as possíveis vítimas de tráfico de pessoas que foram atendidas exclusivamente no sistema de saúde, 37,2% são crianças.
Segundo o estudo, de 2017 a 2020 foram catalogadas 1.811 vítimas com idade entre 18 e 59 anos pelos centros de referência especializados de assistência social (Creas). No sistema de saúde, foram contabilizadas 615 vítimas potenciais.
Já pelo Disque 180 foram recebidas 388 denúncias no período, 61% das quais relacionadas à exploração sexual. No Disque 100, entre 2017 e 2019 foram contabilizadas denúncias referentes a 79 vítimas, entre as quais, 45 para fins de exploração sexual, 21 relacionadas ao trabalho em condições análogas à escravidão, 11 por adoção ilegal e duas para remoção de órgãos.
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