Alexandre de Moraes cobra explicações após Collor desligar tornozeleira
O ministro Alexandre de Moraes cobra explicações do ex-presidente Fernando Collor após a tornozeleira eletrônica ficar desligada por 36 horas
Por Lucas Pereira.
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes cobrou explicações da defesa do ex-presidente Fernando Collor de Melo após a tornozeleira eletrônica do político ter ficado desligada por 36 horas.
Na decisão desta sexta-feira (17), Moraes alerta que descumprimento da medida cautelar pode levar à prisão do ex-presidente em regime fechado, que atualmente está em regime domiciliar. Os advogados têm cinco dias para enviarem a justificativa ao ministro a razão para a perda do sinal entre os dias 2 e 3 de maio deste ano.
Moraes também pediu que a Secretaria de Ressocialização de Alagoas informe, em até 48 horas, o motivo do STF só ter sido notificado cinco meses após o desligamento do equipamento.
Fernando Collor foi preso em abril após Moraes rejeitar o segundo recurso da defesa do político, condenado a oito anos e 10 meses de prisão por corrupção na Operação Lava Jato em 2023.
No mês seguinte, o ministro concedeu prisão domiciliar ao ex-presidente, devido ao diagnóstico de Parkinson em 2019, além de outros problemas de saúde.
Trajetória e prisão de Collor
De acordo com a decisão da prisão, ficou provado que Collor, com a ajuda de empresários, recebeu R$ 20 milhões para interceder de maneira irregular a favor de contratos da BR Distribuidora com a UTC Engenharia para a construção de bases de distribuição de combustíveis. A condenação foi confirmada após a rejeição de dois recursos apresentados pela defesa, que tentava reverter ou diminuir a pena.
Após a rejeição dos embargos infringentes, o ministro Moraes considerou que o recurso tinha caráter meramente protelatório
e autorizou a execução imediata da sentença. O ex-presidente também havia apresentado embargos de declaração, que foram rejeitados anteriormente.
Fernando Collor iniciou a trajetória política como prefeito de Maceió em 1979. Em 1989, foi eleito presidente do Brasil, aos 40 anos, em um pleito disputado contra Luiz Inácio Lula da Silva. Como candidato do Partido da Renovação Nacional (PRN), ele se apresentou como uma alternativa jovem e de mudança, prometendo combater a corrupção e modernizar a economia brasileira. Seu discurso liberal e anticorrupção ressoou especialmente entre as classes médias urbanas.
Ao assumir a presidência, Collor implementou uma série de reformas econômicas, sendo a mais polêmica o confisco das contas bancárias, uma medida drástica para tentar combater a inflação. No entanto, o governo também foi marcado por denúncias de corrupção, que envolviam seu irmão, Pedro Collor, e outros aliados políticos. Em 1992, as investigações e as mobilizações populares resultaram no impeachment de Fernando Collor, tornando-o o primeiro presidente brasileiro a sofrer esse processo.
Em seu depoimento durante o impeachment, Collor afirmou: "Estou sendo vítima de uma farsa montada por meus inimigos políticos. Sou inocente e continuo lutando pelo Brasil".
Após o impeachment, Collor se afastou da política por um período, mas retornou em 2007, sendo eleito senador por Alagoas. Durante a atuação no Senado, ele se envolveu em diversos embates com o governo federal, incluindo críticas à administração de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e de Dilma Rousseff (PT).
Em 2017, Collor foi novamente alvo de investigações relacionadas à Operação Lava Jato. Em 2023, o Supremo Tribunal Federal (STF) o condenou por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, acusando-o de ter recebido propinas em troca de favorecimento a empresários de setores estratégicos.
Cargos políticos de Fernando Collor
Prefeito de Maceió (1979-1982): Collor iniciou sua carreira política na ARENA e foi nomeado prefeito de Maceió em 1979 pelo então governador Guilherme Palmeira, cargo ao qual renunciou em 1982 para concorrer a uma vaga na Câmara dos Deputados;
Deputado federal (1983-1986): Em 1982, foi eleito deputado federal pelo PDS e atuou no cargo até 1986;
Governador de Alagoas (1987-1989): Em 1986, Collor foi eleito governador de Alagoas e assumiu o cargo em 1987, permanecendo até 1989;
Presidente da República (1990-1992): Collor foi eleito presidente do Brasil em 1989, sendo o mais jovem a ocupar o cargo até então. Seu mandato foi interrompido por um impeachment em 1992;
Senador por Alagoas (2007-2015): Após o impeachment e um período afastado da política, Collor retornou à política em 2007, sendo eleito senador por Alagoas. Ele permaneceu no cargo até 2015;
Senador por Alagoas (2019-2025): Collor foi reeleito para o Senado em 2018 e ocupou o cargo até sua prisão em 2025, sendo uma figura controversa durante seu segundo mandato.
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