‘Injustificado’, diz secretário sobre sanção de Trump contra Mais Médicos

O cancelamento de vistos relacionados ao programa Mais Médicos foi classificado como “injustificado” pelo secretário de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, Felipe Proenço. Em entrevista ao Papo de Política, do programa Aratu 24h, o representante do Ministério da Saúde disse não compreender a medida do governo norte-americano, que também teria atingido familiares de médicos.

Segundo Proenço, a decisão dos Estados Unidos não teve impacto direto no andamento do programa, que segue com forte adesão de profissionais brasileiros. “É uma pena esse tipo de ação, mas isso não afetou em nada o trabalho do Mais Médicos, que continua sendo um programa exitoso”, afirmou.

Mais Médicos: críticas da oposição

Durante a entrevista, o secretário respondeu ainda às críticas da oposição ao governo Lula sobre a continuidade do programa. Ele lembrou que, desde 2015, já havia um planejamento para ampliar a participação de médicos brasileiros, e que a cooperação com a OPAS e com Cuba foi encerrada em 2018.

“O Mais Médicos começou em 2013 e, desde o início, sempre priorizou profissionais formados no Brasil. Depois, eram convocados brasileiros que se formaram no exterior e, só então, estrangeiros”, explicou Proenço.

Os Estados Unidos justificaram o cancelamento dos vistos com base na antiga participação de médicos cubanos no programa, viabilizada por meio da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS). A cooperação vigorou entre 2013 e 2018. O país mantém há mais de seis décadas um bloqueio econômico contra Cuba e, durante o governo Donald Trump, reforçou pressões internacionais para limitar a exportação de médicos cubanos, considerada uma das principais fontes de receita da ilha caribenha.

O secretário reforçou que o Mais Médicos já demonstrou resultados significativos na saúde pública, como a redução da mortalidade infantil e a queda no número de internações. “É hoje o maior programa de provimento de médicos do mundo e segue sendo motivo de orgulho para o Ministério da Saúde”, concluiu.

Donald Trump x Mais Médicos

Os EUA impõem, há mais de 60 anos, um duro bloqueio econômico à ilha caribenha com o objetivo de mudar o regime político do país, estabelecido após a Revolução de 1959.

Como a exportação de médicos é uma das principais formas de Cuba conseguir recursos frente ao bloqueio, o governo de Donald Trump tenta, desde o início de seu segundo mandato, constranger os países que recebem profissionais cubanos.

Os médicos brasileiros sempre foram prioridade no programa e os profissionais estrangeiros, incluindo os cubanos, eram convocados quando os profissionais do Brasil não ocupavam as vagas.

Expansão do Mais Médicos

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anunciou  a expansão do programa Mais Médicos. A medida prevê a oferta de novas vagas no primeiro edital de 2025.

Além disso, o Ministério da Saúde dará início ao 1º Módulo de Acolhimento e Avaliação de 2025, com a chegada de novos médicos ao programa. "Profissionais já selecionados para integrar ao Programa seguem para atender a população nos municípios após o acolhimento", informou a pasta.

Nesta nova etapa do programa, a Bahia deve receber 113 novos profissionais.