Canetas emagrecedoras podem reduzir a duração do botox, diz novo estudo

Um novo estudo apontou uma possível relação entre o uso de agonistas do receptor GLP-1 — classe de medicamentos que inclui Ozempic e Mounjaro — e a diminuição da duração dos efeitos da toxina botulínica tipo A. A pesquisa, publicada no portal científico PubMed em 29 de outubro, utilizou modelagem computacional para simular o comportamento de 25 mil pacientes virtuais e observou redução de cerca de quatro semanas no tempo de ação da toxina em usuários desses medicamentos.

Os pesquisadores desenvolveram um modelo digital para avaliar se alterações metabólicas e neuromusculares provocadas pelos fármacos poderiam influenciar o desempenho da toxina. O estudo sugeriu queda média na duração do efeito tanto em aplicações estéticas, voltadas ao tratamento de rugas, quanto em usos clínicos, como no manejo da enxaqueca crônica.

Como a simulação foi conduzida

Os pacientes virtuais foram divididos entre grupos que utilizavam semaglutida, tirzepatida, liraglutida e dulaglutida, além de um grupo controle. Todos receberam doses padronizadas de 100 unidades de toxina botulínica tipo A.

Nas aplicações faciais, o efeito da toxina caiu de 20 para cerca de 16 semanas. No tratamento de enxaqueca crônica, a duração passou de 14 para aproximadamente 12 semanas. A tirzepatida apresentou a maior redução entre os medicamentos avaliados.

Os autores atribuem o encurtamento do efeito a três fatores combinados: alterações na comunicação entre neurônios, perda de massa magra e mudanças metabólicas decorrentes do uso prolongado dos agonistas de GLP-1. Segundo o modelo, mais da metade da redução estaria ligada à modulação sináptica, ou seja, à forma como o sistema nervoso se adapta à ação da toxina.

Necessidade de estudos clínicos

Os cientistas destacam que os resultados devem ser interpretados com cautela. Por se tratar de uma simulação computacional, não há ainda comprovação clínica da interação entre os medicamentos e a toxina botulínica. Eles defendem que novos estudos laboratoriais e observacionais sejam conduzidos antes de qualquer mudança nas práticas de aplicação ou nos intervalos dos tratamentos com botox.

Roubos de canetas emagrecedoras na Bahia

A Polícia Civil da Bahia deflagrou, em junho deste ano, a primeira fase da Operação Mirakel, em Salvador. A ação tem como objetivo desarticular um grupo suspeito de roubo de canetas para emagrecimento, como Ozempic e/ou Mounjaro, conhecidos como "canetas emagrecedoras".

A operação cumpriu mandados judiciais contra os investigados. Segundo a Polícia Civil, entre fevereiro e maio deste ano, o grupo teria invadido 23 farmácias nos bairros de Itapuã, Costa Azul, Armação, Pituba, Ondina, Barra, Graça, Cabula e Horto Florestal. O prejuízo estimado é de aproximadamente R$ 2 milhões.

O nome da operação, “Mirakel”, significa “milagre” em dinamarquês, referência ao país de origem de um dos medicamentos subtraídos. De acordo com as investigações, adolescentes eram aliciados para participar dos crimes, e alguns dos suspeitos atuavam disfarçados de entregadores por aplicativo.

As diligências contaram com o apoio do Departamento de Polícia Metropolitana (Depom), da 7ª Delegacia Territorial do Rio Vermelho (DT/Rio Vermelho), da 1ª Delegacia Territorial (DT/Barris), do Departamento de Inteligência Policial (DIP) e da Coordenação de Operações e Recursos Especiais (Core).