Não há ligação entre vacinas e autismo, afirma OMS

Novas análises de evidências científicas não encontraram ligação entre vacinas e o Transtorno do Espectro Autista (TEA)

Por Bruna Castelo Branco.

O comitê de segurança de vacinas da Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou, nesta quinta-feira (11), que novas análises de evidências científicas não encontraram qualquer ligação entre vacinas e o Transtorno do Espectro Autista (TEA), reafirmando conclusões estabelecidas há mais de 20 anos.

O Comitê Consultivo Global da OMS sobre Segurança de Vacinas avaliou duas revisões sistemáticas que reuniram estudos publicados entre 2010 e agosto de 2025. As análises incluíram pesquisas sobre vacinas em geral e sobre imunizantes que utilizam tiomersal, conservante à base de mercúrio frequentemente — e equivocadamente — apontado por críticos como possível causa de autismo. A alegação, segundo a OMS, já foi rejeitada de forma consistente pela literatura científica.

Novas análises de evidências científicas não encontraram ligação entre vacinas e o transtorno do espectro do autismo. | Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

De acordo com o comitê, uma relação causal entre vacinas e efeitos adversos só é considerada quando vários estudos de alta qualidade mostram de forma consistente uma associação estatística — o que não foi identificado. Entre os 31 estudos analisados, 20 não encontraram qualquer evidência de associação entre vacinas e autismo.

Os 11 estudos que sugeriram uma possível ligação foram avaliados como tendo falhas metodológicas significativas e alto risco de viés, informou o comitê.

A discussão em torno do tema ganhou novo impulso no mês passado, quando o secretário de Saúde dos Estados Unidos, Robert F. Kennedy Jr., declarou em entrevista ao The New York Times que havia instruído o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) a alterar sua posição histórica de que vacinas não causam autismo.

As análises incluíram pesquisas sobre vacinas em geral. | Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

Paracetamol e autismo

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou, recentemente, uma nota de esclarecimento após declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que associou o uso de Tylenol (paracetamol) durante a gravidez ao desenvolvimento de autismo em crianças. A fala aconteceu durante a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU).

Ao Aratu On, a ginecologista e especialista em reprodução assistida, Graziele Reis, também negou a relação: "Com base nas evidências mais recentes, não há comprovação científica de que o paracetamol aumente o risco de autismo quando usado de forma adequada".

O paracetamol é registrado no Brasil e indicado para reduzir febre e aliviar dores, como de cabeça, dente, nas costas e cólicas menstruais. Segundo a Anvisa, “no país, não há registros de notificações de suspeitas de eventos adversos que relacionem o uso de paracetamol durante a gravidez a casos de autismo”.

A agência classificou o medicamento como de baixo risco, destacando que ele integra a lista de produtos que não exigem prescrição médica, conforme a Instrução Normativa nº 265/2023. Essa condição, segundo a nota, “é resultado de um histórico de uso seguro e amplamente estabelecido ao longo de muitos anos de acompanhamento”.

A Anvisa também ressaltou que “as normas brasileiras para registro de medicamentos seguem critérios técnicos e científicos rigorosos, que asseguram qualidade, segurança e eficácia”, e lembrou que o monitoramento dos fármacos é contínuo, realizado em cooperação com outras agências reguladoras internacionais.

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