Mãe de Lucas Terra denuncia 'abandono' do caso: 'A justiça que atrasa, mata'
Marion Terra, mãe de Lucas Terra, adolescente assassinado em 2001, em Salvador, por pastores da Igreja Universal do Reino de Deus, voltou a cobrar a conclusão do processo
Por Bruna Castelo Branco.
Marion Terra, mãe de Lucas Terra, adolescente assassinado em 2001, em Salvador, por pastores da Igreja Universal do Reino de Deus, publicou um vídeo nas redes sociais na noite desta sexta-feira (14) em que volta a cobrar a conclusão do processo que envolve os líderes religiosos acusados pelo crime.
No desabafo, ela afirma que passou quase 25 anos sem qualquer forma de assistência enquanto busca justiça pela morte do filho. “Eu, mãe de Lucas Terra. Por quase 25 anos vivo o abandono total. Nenhum psicólogo. Nenhum assistente social. Nenhum acolhimento institucional”, declarou.

Ela relata que envelheceu acompanhando a demora na responsabilização dos envolvidos e afirma que a falta de avanços no caso aprofundou o sofrimento vivido desde 2001.
“O crime tirou meu filho. A omissão tirou minha paz”, disse. No vídeo, a mãe reforça que continua falando publicamente sobre o caso para evitar que outras famílias enfrentem a mesma espera. “Eu falo porque outras mães também são deixadas para trás. E porque a justiça não pode continuar cega para a vítima”, afirmou.
A publicação também pede apoio dos internautas e busca manter o caso em evidência. “Se você se revolta com isso, fique ao meu lado. Comente ‘justiça’ e compartilhe para que essa história não seja apagada”, declarou. Ao encerrar o vídeo, ela criticou novamente a demora na conclusão do processo envolvendo o pastor acusado. “A justiça que atrasa, mata”, disse. Veja o vídeo:
Relembre o caso Lucas Terra
Lucas Terra foi queimado vivo em 2001, aos 14 anos. Segundo as investigações, ele teria sido estuprado pelos pastores Joel Miranda e Fernando Aparecido da Silva, após flagrar uma relação sexual entre os dois. Os líderes religiosos, vinculados à Igreja Universal do Reino de Deus, em Salvador, foram condenados após mais de 20 anos de batalha judicial.
Fernando recebeu pena de 18 anos, agravada para 21 anos de prisão, e Joel foi sentenciado a 18 anos, também agravados para 21. As agravantes incluem motivo torpe, emprego de meio cruel e impossibilidade de defesa da vítima. A instituição religiosa nega as acusações e afirma que ambos são inocentes.

Em fevereiro deste ano, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) concedeu habeas corpus aos pastores Fernando Aparecido da Silva e Joel Miranda, condenados a 21 anos de prisão pelo assassinato e queima do corpo do adolescente Lucas Terra, ocorrido em 2001. A condenação foi proferida em 2023, mas os réus seguem em liberdade.
A decisão do STJ, que resultou de um empate na votação entre os ministros, foi criticada pela família da vítima, que classificou o caso como uma "derrota momentânea".
Na ocasião, Marion Terra, mãe de Lucas, expressou frustração com a decisão. "São manobras do advogado do diabo. Mas Deus sempre esteve no controle de tudo. Ele nunca permitiu que esses homens, com todas as malas de dinheiro, nos fizessem desistir. Nunca desistimos. [A votação] me balou, mas uma palavra que digo é: 'a última palavra vem de Deus'", desabafou.

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