Gabriela Bacelar lança livro inovador no debate sobre colorismo

Gabriela Bacelar lança livro “Contramestiçagem Negra e Colorismo”, e inova no debate sobre anti-colorismo e contra-mestiçagem; obra é considerada pioneira em discutir o colorismo em pessoas negras de pele clara

Por Laraelen Oliveira.

A pesquisadora e mestra em antropologia pela Universidade Federal da Bahia (Ufba), Gabriela Machado Bacelar Rodrigues, lançou no último dia 2, no Museu de Arte da Bahia (MAB), o livro “Contramestiçagem Negra e Colorismo”. A obra, publicada pela editora Segundo Selo, surge como uma das reflexões sobre o debate racial contemporâneo no Brasil, abordando as tensões entre identidade negra, colorismo e as políticas de reconhecimento racial. 

Gabriela Machado Bacelar Rodrigues é uma antropóloga brasileira que se dedica a pesquisas na área de relações étnico-raciais/Foto: Lucas Andrade

O livro é uma expansão da dissertação de mestrado da autora, intitulada '(Contra)Mestiçagem Negra: Pele Clara, Anti-Colorismo e Comissões de Heteroidentificação Racial'. Nele, Gabriela aprofunda a discussão sobre como a mestiçagem foi historicamente usada como ferramenta de 'branqueamento' e apagamento de negritude no país. Para Bacelar, “a mestiçagem, apresentada como símbolo de cordialidade nacional, muitas vezes serviu para diluir a negritude e sustentar hierarquias raciais.”

Sua pesquisa foca na antropologia das relações étnico-raciais, colorismo e o papel das comissões de heteroidentificação em políticas afirmativas/Foto: Lucas Andrade 

Os principais conceitos abordados pela autora são referentes a Contra-mestiçagem, movimento de resistência simbólica que busca desnaturalizar o ideal de branqueamento e reafirmar a negritude em sua pluralidade e o Anti-colorismo, uma prática crítica que reconhece as diferentes experiências dentro da população negra, mas rejeita a hierarquização baseada em tons de pele. A autora também destaca que o enfrentamento ao colorismo deve fortalecer a unidade política das pessoas negras e não dividi-los em categorias excludentes. 

Debates raciais e resistências 

O livro “Contramestiçagem Negra e Colorismo” chega em um momento de fortes discussões sobre identidade parda, comissões de heteroidentificação e políticas de cotas. Gabriela problematiza o crescimento de discursos nas redes sociais que questionam a legitimidade de pessoas pardas como negras, levantando termos como “afrobege” e “afroconveniente”. A autora argumenta que essa fragmentação enfraquece as lutas do movimento negro, e que o foco deve ser combater o racismo estrutural, e não disputar graus de negritude. 

Embora o livro seja centrado na realidade baiana, ele levanta questões que ecoam em todo o país. Algumas críticas apontam que o conceito de anti-colorismo ainda enfrenta resistência dentro do próprio movimento negro, especialmente em espaços institucionais e de militância online. Bacelar, contudo, propõe que o desconforto é parte do processo de reconstrução do pensamento racial no Brasil.

Recepção e impacto do livro 

 O livro “Contramestiçagem Negra e Colorismo” é pioneiro ao discutir empiricamente o colorismo em pessoas negras de pele clara, tema pouco explorado na literatura brasileira. 

O lançamento do livro foi destacado como um evento importante para o debate intelectual sobre as relações raciais no Brasil/Foto: Lucas Andrade 

A obra também foi elogiada por sua linguagem acessível e pela capacidade de dialogar com a atualidade política e cultural, aproximando teoria e prática. Seu trabalho propõe uma leitura crítica que alia teoria acadêmica e ativismo político, dialogando tanto com o meio universitário quanto com o público das redes sociais.

“Contramestiçagem Negra e Colorismo” se insere como um marco na produção intelectual negra contemporânea, ao propor novas lentes para compreender a complexidade das relações raciais no país.
Mais do que um livro sobre colorismo, é um chamado à repolitização da identidade negra, um convite à reflexão sobre como resistir aos mecanismos de apagamento que ainda persistem nas estruturas sociais brasileiras.

Serviço 

  • Livro: Contramestiçagem Negra e Colorismo
  • Autora: Gabriela Machado Bacelar Rodrigues
  • Editora: Segundo Selo – Coleção NaEncruza
  • Lançamento: 2 de outubro de 2025
  • Preço médio: R$ 98,90

O livro está disponível para venda no site da editora Segundo Selo.

Lançamentos em 2025

Além do recente lançamento do livro “Contramestiçagem Negra e Colorismo”, outras obras tiveram sua estreia em 2025, em que falavam sobre representatividade, combate ao racismo e a valorização das pessoas negras para a história do Brasil.  

A escritora baiana Ana Cecília Ferreira lançou no dia 23 de agosto a obra intitulada “Preta”, o livro explora temas como pertencimento e identidade, utilizando a transição capilar e outros “movimentos de vida” como ponto de partida.

Estudantes do segundo ano da rede estadual de ensino, em Feira de Santana, como parte da disciplina História dos Meus Ancestrais, os alunos desenvolveram o livro infantil "O menino e o barco", com o objetivo de alertar sobre comportamentos racistas e como o leitor pode contribuir contra esse mal. 

Em 28 de julho, data que marca o nascimento de Manuel Raimundo Querino, foi lançado em Salvador o livro “Manuel R. Querino – Trajetória de um Afro-baiano nas Letras e Lutas”. A obra, foi publicada pela Sagga Editora e escrita pela professora e pesquisadora Maria das Graças de Andrade Leal, e revisita a trajetória de Manuel Querino, um dos primeiros intelectuais a valorizar o papel do negro na história do Brasil.

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