Estudo mostra que modo de preparo alteram efeitos do café no organismo

A forma como o brasileiro prepara o café pode influenciar não apenas o sabor, mas também os efeitos da bebida sobre o corpo

Por Bruna Castelo Branco.

A forma como o brasileiro prepara o café pode influenciar não apenas o sabor, mas também os efeitos da bebida sobre o corpo. Essa é a principal conclusão de um estudo da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP-USP), apresentado na 14ª Conferência Internacional de Dados Alimentares da FAO, em Roma.

A pesquisa, conduzida pela nutricionista Camila Marques Crivelli Crescencio sob orientação da professora Elizabeth Torres, analisou como diferentes métodos de preparo e a adição de ingredientes como leite e açúcar afetam a composição fenólica e a capacidade antioxidante do café. Os antioxidantes são moléculas que ajudam a combater os radicais livres — substâncias associadas ao envelhecimento celular e a doenças crônicas.

A forma como o brasileiro prepara o café pode influenciar não apenas o sabor, mas também os efeitos da bebida sobre o corpo. | Foto: Ilustrativa/Pexels

“Elaborar um trabalho aceito pela FAO é uma chancela internacional de relevância”, afirmou Torres ao Jornal da USP. “Foi uma honra representar o Brasil, levando dados sobre um produto que é símbolo nacional e a bebida mais consumida no mundo depois da água.”

As pesquisadoras compararam oito tipos de preparo, incluindo cafés com e sem cafeína, puros e combinados com leite e açúcar. O resultado mostrou que o café puro com cafeína apresentou a maior atividade antioxidante. A adição de açúcar reduziu levemente esse potencial, enquanto o leite provocou uma queda mais acentuada.

A pesquisa analisou como diferentes métodos de preparo e a adição de ingredientes como leite e açúcar afetam a composição fenólica e a capacidade antioxidante do café. | Foto: Ilustrativa/Pexels

A diferença tem explicação química. “As proteínas do leite se ligam aos compostos fenólicos do café e dificultam sua absorção”, explica Crescencio. “Já o açúcar, quando aquecido, passa por reações que também geram atividade antioxidante, o que ameniza essa redução.”

O método de preparo também influencia os resultados. O filtro de papel, o mais usado no Brasil, retém parte dos compostos fenólicos, mas tem um benefício adicional: reduz substâncias associadas ao aumento do colesterol. Fatores como o tipo de grão, a torra e o solo de cultivo também impactam a composição da bebida.

O filtro de papel, o mais usado no Brasil, retém parte dos compostos fenólicos, mas tem um benefício adicional. | Foto: Ilustrativa/Pexels

Mas, afinal, qual é o café mais saudável? “Depende de cada pessoa”, afirmam as pesquisadoras. “De modo geral, o café puro com cafeína oferece o maior potencial antioxidante, mas o descafeinado é uma boa opção para quem precisa limitar o consumo de cafeína.”

Para Torres, o trabalho reforça a importância do café na alimentação dos brasileiros. “Apesar da enorme biodiversidade do Brasil, é o café que mais contribui para a ingestão de antioxidantes no país, pelo volume de consumo”, destaca.

Benefícios do café

Manter o corpo hidratado é essencial para o bom funcionamento do organismo — e, segundo um novo estudo, não é apenas a água que conta. Pesquisadores da China identificaram que o consumo equilibrado de água, café e chá está associado a um menor risco de morte por todas as causas, especialmente por doenças cardiovasculares. Os resultados foram publicados no British Journal of Nutrition. Com informações da Agência Einstein.

A pesquisa analisou dados de mais de 182 mil adultos do UK Biobank, estudo que monitora a saúde de meio milhão de pessoas. De acordo com os autores, a ingestão combinada de café e chá apresentou resultados mais expressivos do que o consumo isolado de cada bebida.

Manter o corpo hidratado é essencial para o bom funcionamento do organismo. | Foto: Ilustrativa/Pexels

A recomendação geral é consumir cerca de dois litros de água por dia, ou o equivalente a 30 a 35 ml por quilo de peso corporal, embora as necessidades variem conforme o perfil e o nível de atividade física. Cukier lembra que frutas e alimentos frescos também ajudam na hidratação e alerta: “Só não vale incorporar refrigerantes e outros produtos açucarados na conta. Aliás, para chá e café, o melhor é não adoçar”.

Entre os idosos, o cuidado deve ser redobrado, já que a sensação de sede diminui com a idade. Por outro lado, pessoas com insuficiência renal ou outras condições específicas devem seguir orientação médica sobre a ingestão de líquidos.

O café, uma das bebidas mais consumidas do mundo, tem sido amplamente estudado por seus efeitos sobre a saúde. Segundo especialistas, seus benefícios estão ligados à cafeína e aos polifenóis, como o ácido clorogênico, que possuem ação antioxidante e anti-inflamatória, protegendo os vasos sanguíneos e auxiliando no controle da glicose — o que pode reduzir o risco de diabetes tipo 2. Um estudo publicado em agosto na revista científica Foods, que analisou os efeitos do consumo diário de manga em adultos com pré-diabetes, mostrou que, mesmo contendo mais açúcar, a manga também pode ser uma aliada de quem luta contra a doença.

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