Português oferece 500 euros por cabeça de brasileiros: 'Raça maldita'

Um homem português, identificado como João Paulo Silva Oliveira, chamou a atenção nas redes sociais após publicar, no TikTok, um vídeo em que ameaça imigrantes brasileiros em Portugal.

Na gravação, ele oferece uma nota de 500 euros (que equivale a R$ 3186,75) para quem entregar uma cabeça de brasileiro cortada. "Tenho aqui essa nota para fazer o seguinte: a cada português que trouxer a cabeça desses 'brazucas' que vivem aqui em Portugal. Cada cabeça que me trouxer cortada rente no pescoço eu pago. 500 euros por cada cabeça. Já que é para esculhambar o português, o português tem que começar a usar as mesmas armas para esculhambar os 'zucas', essa raça maldita".

Apesar de ameaçar estrangeiros, João Paulo também não mora no país de origem, já que é imigrante na Suíça. Veja o vídeo:

Controle migratório

Na última semana, o Consulado-Geral do Brasil em Lisboa publicou recomendações a brasileiros residentes em Portugal sobre como agir diante da atuação da Unidade Nacional de Estrangeiros e Fronteiras (UNEF), nova estrutura policial do país voltada ao controle migratório.

A UNEF começou a funcionar em 21 de agosto e é subordinada à Polícia de Segurança Pública (PSP). A unidade tem competência para fiscalizar a entrada e permanência de estrangeiros, além de conduzir processos de retorno voluntário, expulsão e afastamento coercitivo.

A criação da unidade foi sancionada pelo presidente Marcelo Rebelo de Sousa em 22 de julho, após aprovação de um pacote legislativo mais restritivo para imigração. O governo português justificou a medida afirmando que o modelo anterior estava sobrecarregado e funcionava como uma “porta paralela” para entrada de estrangeiros.

Nos últimos anos, Portugal registrou um aumento expressivo da comunidade migrante, em especial de brasileiros. Apenas em 2023, mais de 400 mil pessoas solicitaram regularização, segundo dados oficiais.

Caso de xenofobia

No final de 2023, um caso grave de xenofobia em Portugal contra um brasileiro chamou a atenção das autoridades e da polícia local. Na ocasião, a Polícia de Segurança Pública (PSP) de Portugal identificou seis jovens suspeitos de agredir dois brasileiros negros em Vila Nova de Gaia.

Eram seis suspeitos, sendo quatro homens portugueses, um brasileiro e uma mulher (cuja nacionalidade não foi informada), com idades entre 19 e 25 anos. Eles não tiveram os nomes divulgados.

As vítimas foram o produtor cultural e aluno de doutorado Bruno César Marcelino, de 31 anos, que mora na cidade de Porto há dois meses, e o cozinheiro Kaique Soares, de 23. Eles irão à delegacia nesta sexta-feira (5), conforme informou a advogada deles.

De acordo com as vítimas, o grupo de agressores teria pedido dinheiro antes (cerca de 10 euros, o equivalente a 53 reais). Com a recusa das vítimas, agrediram os brasileiros com socos e chutes na cabeça e nas pernas.

Bruno Marcelino, no entanto, acredita que o ataque foi motivado por xenofobia ou homofobia, já que ele e Kaique estavam de mãos dadas no momento do ocorrido. Hoje, ele descarta um possível motivação por racismo.

"[Pedir dinheiro] era só um motivo para irem para cima. Um soco na cara. A gente tentou fugir, sair correndo. Aí, eles me puxaram pela minha touca. Nessa, eu caí. Quando caí, começaram a dar socos e chutes na minha cabeça", disse o produtor musical ao Uol.

Marcelino reclamou, ainda, da demora da polícia. Segundo ele, o grupo teria, inicialmente, umas dez pessoas, mas só seis foram identificados.