Santa Bárbara no Candomblé: o sincretismo entre a santa católica e Iansã

Por mais que muita gente conheça as duas dividades, podem surgir as dúvidas: quem é Santa Bárbara no Candomblé? Quem é Iansã?

Por Bruna Castelo Branco.

O dia 4 de dezembro é marcado pela celebração de Santa Bárbara no calendário católico, figura que, no sincretismo religioso brasileiro, corresponde a Iansã, orixá cultuada em religiões de matriz africana. Por isso, por mais que muita gente conheça as duas dividades, podem surgir as dúvidas: quem é Santa Bárbara no Candomblé? Quem é Iansã na Igreja Católica?

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Santa Bárbara no Candomblé, Iansã no catolicismo: conheça as histórias das dinvidades cultuadas na Bahia. | Foto: Bruna Concha/Secom

Conhecida como senhora dos ventos, das tempestades e guardiã do mundo dos mortos, Iansã é uma das orixás femininas mais populares das religiões de matriz africana, como Candomblé e Umbanda, reverenciada no Brasil e em países da África sob o nome de Oyá. Em Salvador, o Dia de Santa Bárbara é também Dia de Iansã, celebrado em uma festa marcada por muito sincretismo e união pacífica entre as religiões que a cultuam.

Além da Festa de Santa Bárbara, Salvador é conhecida pela Lavagem do Bonfim, maior celebração religiosa da Bahia. Você conhece a história do cortejo?

Santa Bárbara e Iansã - uma única divindade?

Santa Bárbara viveu no século III e é lembrada como uma virgem mártir. Segundo a tradição, foi mantida pelo pai em uma torre, recusou pretendentes e, ao conhecer os cristãos, converteu-se e foi batizada. A decisão de não adorar os deuses do Olimpo despertou a fúria do pai, que a entregou às autoridades locais.

Após torturas, foi condenada à morte por decapitação. O próprio pai executou a sentença em praça pública, mas, no momento da execução, um trovão ecoou e um raio atingiu o carrasco, matando-o instantaneamente.

No sincretismo, Santa Bárbara é associada a Iansã, orixá dos ventos, tempestades, raios e espíritos dos mortos. | Foto: Amanda Oliveira

No sincretismo, Santa Bárbara é associada a Iansã, orixá dos ventos, tempestades, raios e espíritos dos mortos. Ela simboliza movimento, transformação e coragem, sendo considerada uma guerreira que empunha uma adaga.

“Iansã representa a rapidez de raciocínio, a lealdade, a franqueza, os avanços e a luta contra as injustiças”, descrevem as tradições. Quando alguém morre, é ela quem conduz o espírito desencarnado rumo à evolução em planos superiores.

Conhecida como senhora dos ventos, das tempestades e guardiã do mundo dos mortos, Iansã é uma das orixás femininas mais populares. | Foto: Bruna Concha/Secom

Filha de Iemanjá e Oxalá, Iansã é irmã de Oxum, Obá e Oxóssi, e já foi esposa de Ogum, além de dividir com Xangô histórias de paixão e rivalidade. O nome “Iansã” remete ao entardecer, sendo traduzido como “mãe do céu rosado” ou “mãe do entardecer”. Sua cor de origem é o rosa, mas também se manifesta pelo amarelo, marrom e vermelho.

A Festa de Santa Bárbara e Iansã

A Festa de Santa Bárbara é comemorada em Salvador desde 1646, ano em que foi instituído o Morgado de Santa Bárbara, que ficava no pé da Ladeira da Montanha. Mas, como detalha o Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC), após um incêndio que destruiu o que restava do Morgado, a imagem de Santa Bárbara, que ficava ali passou por mais de um templo: primeiro, a Igreja do Corpo Santo e, depois, para a Igreja do Rosário dos Pretos, no Largo do Pelourinho. Lá, ela continua até hoje.

A Festa de Santa Bárbara é comemorada em Salvador desde 1646. | Foto: Bruna Concha/Secom

E é da Igreja do Rosário dos Pretos, a partir das 7h do dia 4 de dezembro, depois da missa, que saem os cortejos. Antes, às 5h, a igreja faz a "alvorada de fogos". Na tradição católica, um trovão soou e um relâmpago caiu na hora da morte de Bárbara - reforçando a relação com Iansã, mãe dos ventos, tempestades e raios. Além disso, a santa é madrinha do Corpo de Bombeiros e padroeira dos mercados.

Depois, o cortejo vai para a Catedral Basílica de Salvador, passa em frente ao Museu da Misericórdia e segue até o 1º Grupamento de Bombeiros Militar, na Barroquinha. Chegando lá, os devotos recebem o tradicional banho de mangueira.

Filha de Iemanjá e Oxalá, Iansã é irmã de Oxum, Obá e Oxóssi, e já foi esposa de Ogum. | Foto: Bruna Concha/Secom

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