Três PMs vão a júri popular por execução de jovem em Jequié
Três PMs são acusados de invadir a casa da vítima e executá-la, além de alterar a cena do crime
Três policiais militares acusados de envolvimento na morte de Kailan Oliveira de Jesus, de 20 anos, ocorrida em maio de 2023, no município de Jequié, vão a júri popular. A decisão foi tomada após recurso apresentado pelo Ministério Público da Bahia (MPBA). Segundo o órgão, os três PMs são acusados de invadir a casa da vítima e executá-la, além de alterar a cena do crime.
No recurso, os promotores do Grupo de Atuação Especial Operacional de Segurança Pública (Geosp) destacaram que a morte de Kailan foi praticada “com recurso que impossibilitou a defesa da vítima e por motivo torpe, por agentes do Estado que abusaram de sua autoridade, forjaram provas e apresentaram uma versão inverídica dos fatos à polícia”.

As investigações indicam que, na noite de 10 de maio de 2023, os PMs invadiram a residência da irmã de Kailan, retiraram ela e os filhos do imóvel e permaneceram sozinhos com o jovem. Minutos depois, com a vítima desarmada e sem oferecer resistência, os policiais atiraram contra ele, provocando sua morte.
Os suspeitos foram presos pela primeira vez em dezembro de 2024, durante a Operação Choque de Ordem, que apurava o envolvimento de militares na execução. Um mês depois, foram soltos por decisão da Vara Criminal de Jequié, mas o MP recorreu. O recurso foi acatado pela Justiça em 28 de março de 2025, determinando nova prisão dos policiais.
Júri popular: entenda como funciona e quando é aplicado
O Tribunal do Júri é um dos pilares do sistema judiciário brasileiro quando se trata de crimes dolosos contra a vida. É nele que cidadãos comuns podem decidir sobre a culpa ou inocência de um réu, garantindo que a sociedade participe diretamente dos rumos da Justiça.
“Esses jurados são cidadãos comuns que, de forma democrática, ajudam a construir a justiça penal ao decidir crimes dolosos contra a vida”, explica Daniela. Ela ressalta, porém, que por serem leigos, os jurados não têm formação técnica suficiente para aplicar a lei como um juiz profissional.
Crimes julgados pelo júri popular
O júri popular lida com crimes dolosos contra a vida, ou seja, aqueles cometidos com intenção consciente. Entre eles:
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Homicídio
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Infanticídio – quando a mãe mata o próprio filho durante o parto ou logo após
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Induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio
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Aborto – provocado pela gestante ou por terceiros
O Tribunal do Júri avalia tanto os crimes consumados quanto os tentados.
Casos recentes que foram a júri popular
Iuri Sheik
O influenciador Iuri Sheik foi submetido a júri popular em maio deste ano e deu detalhes sobre o episódio que resultou na morte do empresário William Oliveira, durante uma festa em 2019. Em depoimento no Fórum de Santo Antônio de Jesus, no Recôncavo da Bahia, cidade onde o crime ocorreu, Iuri negou ter assassinado o empresário.
Antes do início da sessão, em entrevista à imprensa, o réu voltou a negar responsabilidade pela morte de William, que na época tinha 27 anos e era empresário da banda Black Style. A declaração contrasta com o depoimento prestado por ele em 2019, quando confessou o crime.
Em vídeos que circulam nas redes sociais, Iuri Sheik apresenta sua versão sobre a briga que teria ocorrido em uma festa do tipo “paredão”, durante o São João de 2019.
"Eu não atirei nas costas dele. Dei o primeiro disparo, que pegou nele e ele girou. Quando ele girou, pode ser que o segundo tenha sido [nas costas]", disse Iuri Sheik. O réu alegou que era perseguido por William por conta de ciúmes envolvendo uma ex-companheira da vítima.
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