Andar 3 mil passos por dia ajuda a retardar Alzheimer, indica estudo
Estudo aponta caminhar 3 mil passos por dia ou mais, podem retardar as alterações cerebrais e o declínio cognitivo associados à doença de Alzheimer
Por Bruna Castelo Branco.
Um estudo publicado na segunda-feira (3) na revista Nature Medicine aponta que quantidades modestas de atividade física, como caminhar 3 mil passos por dia ou mais, podem retardar as alterações cerebrais e o declínio cognitivo associados à doença de Alzheimer.
A pesquisa, conduzida por cientistas do hospital Mass General Brigham, nos Estados Unidos, acompanhou 296 pessoas entre 50 e 90 anos ao longo de 14 anos. Nenhum dos participantes apresentava comprometimento cognitivo no início do estudo. Os pesquisadores analisaram a contagem diária de passos e os níveis de proteínas cerebrais associadas ao Alzheimer — as placas beta-amiloides e os emaranhados de proteína tau. Na Bahia, laboratórios realizam teste para identificar uma característica patológica da doença de Alzheimer, o exame PrecivityAD2™.
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Os resultados mostraram que mesmo níveis moderados de atividade física tiveram impacto positivo. Pessoas que caminharam entre 3 e 5 mil passos por dia apresentaram atraso médio de três anos no avanço da doença. Já aquelas que mantiveram entre 5 e 7 mil passos diários tiveram retardo de até sete anos nos efeitos do Alzheimer.
“Estamos incentivando os idosos que correm o risco de desenvolver Alzheimer a considerarem pequenas mudanças em seus níveis de atividade, para criarem hábitos sustentáveis que protejam ou beneficiem seu cérebro e saúde cognitiva”, afirmou Wai-Ying Yau, uma das autoras do estudo, em entrevista ao The Guardian.
Os pesquisadores destacam que o sedentarismo é um fator de risco modificável da doença. Estima-se que quase metade dos casos de demência no mundo possa ser atribuída a fatores de estilo de vida, como a inatividade física.

Embora ainda não se saiba exatamente como o exercício físico ajuda a proteger o cérebro, os cientistas apontam que a prática melhora o fluxo sanguíneo cerebral, reduz a inflamação e aumenta a produção de hormônios e fatores de crescimento que podem contribuir para a saúde cognitiva.
Os autores ressaltam, porém, que ainda são necessários ensaios clínicos randomizados para comprovar uma relação de causa e efeito entre o aumento da atividade física e o retardo da doença. Há também a hipótese da chamada “causalidade reversa”, em que alterações cerebrais precoces causadas pelo Alzheimer fariam com que pessoas afetadas se tornassem menos ativas.
“Precisamos de ensaios clínicos randomizados para comprovar causa e efeito, mas é muito encorajador que a atividade física possa ajudar a modificar a trajetória de alguém”, completou Yau.

Alzheimer e alimentação
Um estudo internacional realizado ao longo de 15 anos aponta que dietas ricas em carne vermelha, alimentos processados e bebidas adoçadas podem aumentar o risco de doenças neurológicas relacionadas ao envelhecimento, como demência, Alzheimer e Parkinson.
A pesquisa, conduzida por cientistas da Espanha e da Suécia e publicada em julho na revista Nature Aging, acompanhou 2.473 idosos, a maioria mulheres com pouco mais de 70 anos. Os participantes não seguiram dietas específicas, mas tiveram seus hábitos alimentares analisados e classificados de acordo com padrões nutricionais reconhecidos.
O Alzheimer é uma doença progressiva que compromete a memória e outras funções cognitivas. Ainda sem causa definida, está associado a fatores genéticos e representa mais da metade dos casos de demência registrados no Brasil, segundo o Ministério da Saúde.
Os primeiros sinais costumam ser lapsos de memória recente, que evoluem para dificuldades em recordar fatos antigos, confusão de tempo e espaço, alterações na fala, irritabilidade e mudanças de comportamento.
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